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ISBN: 978-65-87289-23-6
GT32: Diálogos entre Antropologia e Educação: Perspectivas sobre a Formação de Professores em debate.

Sandra Pereira Tosta, Tatiana Cipiniuk

Desde o século passado, a educação latino-americana vive intenso conflito: por um lado, sistemas nacionais educacionais cresceram e ampliaram sua cobertura, incluindo parcelas da população historicamente sem acesso às instituições escolares; por outro, sistemas intensificaram sua tendência à discriminação, reproduzindo persistentes formas de segregação que marcaram seu desenvolvimento. Dentre os desafios, destacamos a existência de dilemas de natureza filosófica, teórica e metodológica nas políticas educacionais, sobretudo naquelas voltadas para a formação e o trabalho docente em realidades estruturadas pelas mais diversas alteridades. A proposta deste GT objetiva acolher e debater pesquisas comparadas e /ou etnográficas, preferencialmente, que abordem como a interface Antropologia e Educação se constituem nos diálogos de conhecimentos interdisciplinares presentes em projetos políticos/ pedagógicos de formação de professores para a educação básica. Algumas indagações nos parecem importantes para este debate: a compreensão teórico-metodológica da cultura está presente nessa formação? Como isto se evidencia? Que referências embasam essa conversa? Intuímos que tais estudos possam servir de solo empírico e teórico para ampliar a interpretação sobre os processos de educação escolar e contribuir para a qualificação do trabalho dos professores, além de trazer elementos que aprofundem a sensibilidade pedagógica da antropologia e o campo educacional.

Palavras chave: Antropologia; Educação; Formação e Trabalho docente.
Resumos submetidos
A Antropologia e a formação de professores/as indígenas em Pernambuco
Autoria: MARIA DA PENHA DA SILVA, Vânia Fialho
Autoria: O presente trabalho tem como objetivo situar a contribuição da Antropologia para a formação de professores/as indígenas como parte de um cenário mais amplo que inclui os debates sobre os processos de escolarização dos povos indígenas no Brasil. Nesse movimento constatou-se a existência de ampla produção acadêmica a respeito do diálogo entre os campos da Antropologia e da Educação a partir da década de 1990. A educação dos povos indígenas como preocupação da antropologia brasileira teve início em estudos publicados no meado do século XX. Naquele período, o olhar antropológico voltado para essa parte da população brasileira procurava compreender "a cultura", e suas normas e formas de organizações, incluindo a educação das crianças e jovens. Nesse mesmo período registrava-se a publicação de um trabalho etnológico sobre aspectos da escolarização do povo Fulni-ô, habitantes no interior de Pernambuco. Foi na década de 1970 que os debates acerca da educação formal para os povos indígenas se avolumaram, sobretudo no que se refere à crítica à atuação de instituições missionárias evangélicas. Tais debates corroboraram a garantia do direito a uma educação escolar específica e diferenciada perante a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Nesse sentido, antropólogos/as atuaram diretamente na formulação e implementação de políticas públicas para a formação de professores/as indígenas, dentre essas está o PROLIND - O Programa de apoio à formação superior de professores que atuam em escolas indígenas de educação básica, sob a responsabilidade do MEC. Nesse caso, em Pernambuco houve a participação e colaboração de antropólogos/as nas discussões sobre a organização do curso e também para ministrar aulas. Atualmente, o Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFPE conta com um estudo de doutorado sobre os protagonismos indígenas na educação superior, o qual identificou que anteriormente ao PROLIND essa população frequentava os cursos de Licenciaturas nas Autarquias municipais de formação de professores, um fenômeno que ainda ocorre. E também buscam os cursos de Licenciaturas nos Institutos Federais de Educação e Tecnologia - IFPE e IF/Sertão-PE. Palavras-chave: Povos indígenas; formação de professores; educação superior.
Multiplicidade e reificação: reflexões antropológicas sobre escola e o trabalho docente
Autoria: Samuel Douglas Farias Costa
Autoria: As instituições escolares contemporâneas emergem em uma paradoxal relação de leituras e composições. Por um lado, a escola é fruto de um modelo ocidental de educação, caracterizada pela disciplina (FOUCAULT, 1985) e reificação (própria das lógicas de pensamentos das sociedades e instituições ocidentais, cf. WAGNER, 2014). Por outro, é atravessada por múltiplas diferenças, constituindo-se em uma das suas principais características contemporâneas (TOSTA, 2011; GUSMÃO, 2011, PEREIRA, 2017). Neste sentido, este texto propõe refletir sobre o trabalho docente na educação básica na intersecção com estas duas perspectivas. Ao mesmo tempo que professores e professoras estão imersos em diversas relações de alteridade no espaço escolar, também precisam lidar com normativas, documentos e burocracias que modelam formas restritas para o exercício de seus trabalhos. Para tal reflexão, serão feitos diálogos teóricos sobre antropologia e educação, diferença, burocracia e docência, bem como mobilizarei as minhas próprias experiências como professor do ensino médio e pesquisador em antropologia. O efeito esperado é apontar para caminhos profícuos de reflexão antropológica sobre a escola e a docência.
Arte-Educação e Diversidade Cultural na Formação de Professores
Autoria: Gilmar Rocha
Autoria: O texto apresenta o projeto de extensão "Artes, Diversidade Cultural e Educação", desenvolvido desde 2019, e, remodelado atualmente em razão da pandemia do COVID 19. Trata-se de projeto de extensão, desenvolvido como disciplina optativa, voltado para a formação continuada de educadores(as) das redes municipais de Rio das Ostras e de Macaé/RJ, e que conta com a participação dos discentes do curso de Produção Cultural de Rio das Ostras, da Universidade Federal Fluminense. A combinação de discentes da graduação e docentes da rede de ensino municipal têm possibilitado a pesquisa e o desenvolvimento de produtos digitais de apoio didático com ênfase em aspectos voltados à diversidade cultural tendo as artes e a educação como meios de promover a reflexão dos envolvidos na ação. Experiencia essa que tem auxiliado na reflexão sobre a creditação da extensão no currículo da graduação da Produção Cultural.
Antropologia, educação para às relações e valores civilizatórios ancestrais afro-brasileiros e indígenas na formação docente
Autoria: Fátima Regina A. de Freitas
Autoria: Os movimentos indígenas e negros têm transformado a sociedade brasileira, segundo a antropóloga Nilma Lino Gomes e o educador Daniel Munduruku, estes movimentos exercem um caráter educativo. Uma das formas de educar é a partir dos valores civilizatórios afro-brasileiros e indígenas, sistematizados por Azoilda Trindade e Gersem Luciano Baniwa. Estes princípios, quando levados para as escolas, podem contribuir para a educação das relações étnico-raciais (ERER), assim como na implementação das Leis Federais n° 10.639/2003 e n° 11.645/2008, que criaram a obrigatoriedade do ensino de cultura e história afro-brasileira e indígena no país, em busca da promoção da educação antirracista e que foque em descolonizar/contracolonizar o currículo escolar. Entre os desafios encontrados para que essa visão se concretize estão: a ausência do debate sobre ERER na formação inicial e continuada; e a falta de conhecimento sobre materiais didáticos e paradidáticos para subsidiar estes debates nas escolas. Ensinar/aprender estes valores/saberes é um dever da/os professora/es, que buscam a construção de uma sociedade justa e democrática, na qual se valorize todas as identidades étnico-raciais. É também um direito de todas as crianças, independente de seu pertencimento, e como antropóloga e pedagoga acredito que os diálogos que desenvolvemos são fundamentais nestes processos. A partir do diálogo com intelectuais destes dois grupos, como Azoilda Trindade, Nilma Lino Gomes, Petronilha Silva, Daniel Munduruku, Edson Kayapó e Gersem Baniwa, construo uma reflexão sobre a formação continuada de docentes de educação básica, assentada nos saberes ancestrais indígenas e nos valores civilizatórios afro-brasileiros. Parto de alguns cursos de extensão que tenho realizado há alguns anos no Programa de Estudos e Extensão Afro-brasileiro (Proafro), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGO), instituição na qual atuo como professora, e oferecidos em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia.
A Antropologia e a formação de professores/as indígenas em Pernambuco
Autoria: MARIA DA PENHA DA SILVA, Vânia Fialho
Autoria: O presente trabalho tem como objetivo situar a contribuição da Antropologia para a formação de professores/as indígenas como parte de um cenário mais amplo que inclui os debates sobre os processos de escolarização dos povos indígenas no Brasil. Nesse movimento constatou-se a existência de ampla produção acadêmica a respeito do diálogo entre os campos da Antropologia e da Educação a partir da década de 1990. A educação dos povos indígenas como preocupação da antropologia brasileira teve início em estudos publicados no meado do século XX. Naquele período, o olhar antropológico voltado para essa parte da população brasileira procurava compreender "a cultura", e suas normas e formas de organizações, incluindo a educação das crianças e jovens. Nesse mesmo período registrava-se a publicação de um trabalho etnológico sobre aspectos da escolarização do povo Fulni-ô, habitantes no interior de Pernambuco. Foi na década de 1970 que os debates acerca da educação formal para os povos indígenas se avolumaram, sobretudo no que se refere à crítica à atuação de instituições missionárias evangélicas. Tais debates corroboraram a garantia do direito a uma educação escolar específica e diferenciada perante a Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. Nesse sentido, antropólogos/as atuaram diretamente na formulação e implementação de políticas públicas para a formação de professores/as indígenas, dentre essas está o PROLIND - O Programa de apoio à formação superior de professores que atuam em escolas indígenas de educação básica, sob a responsabilidade do MEC. Nesse caso, em Pernambuco houve a participação e colaboração de antropólogos/as nas discussões sobre a organização do curso e também para ministrar aulas. Atualmente, o Programa de Pós-graduação em Antropologia da UFPE conta com um estudo de doutorado sobre os protagonismos indígenas na educação superior, o qual identificou que anteriormente ao PROLIND essa população frequentava os cursos de Licenciaturas nas Autarquias municipais de formação de professores, um fenômeno que ainda ocorre. E também buscam os cursos de Licenciaturas nos Institutos Federais de Educação e Tecnologia - IFPE e IF/Sertão-PE. Palavras-chave: Povos indígenas; formação de professores; educação superior.
Arte-Educação e Diversidade Cultural na Formação de Professores
Autoria: Gilmar Rocha
Autoria: O texto apresenta o projeto de extensão "Artes, Diversidade Cultural e Educação", desenvolvido desde 2019, e, remodelado atualmente em razão da pandemia do COVID 19. Trata-se de projeto de extensão, desenvolvido como disciplina optativa, voltado para a formação continuada de educadores(as) das redes municipais de Rio das Ostras e de Macaé/RJ, e que conta com a participação dos discentes do curso de Produção Cultural de Rio das Ostras, da Universidade Federal Fluminense. A combinação de discentes da graduação e docentes da rede de ensino municipal têm possibilitado a pesquisa e o desenvolvimento de produtos digitais de apoio didático com ênfase em aspectos voltados à diversidade cultural tendo as artes e a educação como meios de promover a reflexão dos envolvidos na ação. Experiencia essa que tem auxiliado na reflexão sobre a creditação da extensão no currículo da graduação da Produção Cultural.
Antropologia, educação para às relações e valores civilizatórios ancestrais afro-brasileiros e indígenas na formação docente
Autoria: Fátima Regina A. de Freitas
Autoria: Os movimentos indígenas e negros têm transformado a sociedade brasileira, segundo a antropóloga Nilma Lino Gomes e o educador Daniel Munduruku, estes movimentos exercem um caráter educativo. Uma das formas de educar é a partir dos valores civilizatórios afro-brasileiros e indígenas, sistematizados por Azoilda Trindade e Gersem Luciano Baniwa. Estes princípios, quando levados para as escolas, podem contribuir para a educação das relações étnico-raciais (ERER), assim como na implementação das Leis Federais n° 10.639/2003 e n° 11.645/2008, que criaram a obrigatoriedade do ensino de cultura e história afro-brasileira e indígena no país, em busca da promoção da educação antirracista e que foque em descolonizar/contracolonizar o currículo escolar. Entre os desafios encontrados para que essa visão se concretize estão: a ausência do debate sobre ERER na formação inicial e continuada; e a falta de conhecimento sobre materiais didáticos e paradidáticos para subsidiar estes debates nas escolas. Ensinar/aprender estes valores/saberes é um dever da/os professora/es, que buscam a construção de uma sociedade justa e democrática, na qual se valorize todas as identidades étnico-raciais. É também um direito de todas as crianças, independente de seu pertencimento, e como antropóloga e pedagoga acredito que os diálogos que desenvolvemos são fundamentais nestes processos. A partir do diálogo com intelectuais destes dois grupos, como Azoilda Trindade, Nilma Lino Gomes, Petronilha Silva, Daniel Munduruku, Edson Kayapó e Gersem Baniwa, construo uma reflexão sobre a formação continuada de docentes de educação básica, assentada nos saberes ancestrais indígenas e nos valores civilizatórios afro-brasileiros. Parto de alguns cursos de extensão que tenho realizado há alguns anos no Programa de Estudos e Extensão Afro-brasileiro (Proafro), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUCGO), instituição na qual atuo como professora, e oferecidos em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Goiânia.
Multiplicidade e reificação: reflexões antropológicas sobre escola e o trabalho docente
Autoria: Samuel Douglas Farias Costa
Autoria: As instituições escolares contemporâneas emergem em uma paradoxal relação de leituras e composições. Por um lado, a escola é fruto de um modelo ocidental de educação, caracterizada pela disciplina (FOUCAULT, 1985) e reificação (própria das lógicas de pensamentos das sociedades e instituições ocidentais, cf. WAGNER, 2014). Por outro, é atravessada por múltiplas diferenças, constituindo-se em uma das suas principais características contemporâneas (TOSTA, 2011; GUSMÃO, 2011, PEREIRA, 2017). Neste sentido, este texto propõe refletir sobre o trabalho docente na educação básica na intersecção com estas duas perspectivas. Ao mesmo tempo que professores e professoras estão imersos em diversas relações de alteridade no espaço escolar, também precisam lidar com normativas, documentos e burocracias que modelam formas restritas para o exercício de seus trabalhos. Para tal reflexão, serão feitos diálogos teóricos sobre antropologia e educação, diferença, burocracia e docência, bem como mobilizarei as minhas próprias experiências como professor do ensino médio e pesquisador em antropologia. O efeito esperado é apontar para caminhos profícuos de reflexão antropológica sobre a escola e a docência.