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ISBN: 978-65-87289-23-6
GT36: Ensinar e aprender Antropologia

Guillermo Vega Sanabria, Amurabi Oliveira

Até recentemente, foi notável a expansão que a Antropologia alcançou no Brasil, tanto pelo incremento de cursos de formação de antropólogos em nível de pós-graduação e de graduação, quanto pela sua inserção em outros contextos educacionais. Esse quadro exige uma reflexão cada vez mais consistente sobre as transformações e as especificidades do ensino e do aprendizado da nossa disciplina. Tal reflexão passa pela análise do processo formativo, em termos pedagógicos e didáticos, por exemplo, mas também por assuntos centrais na configuração da própria disciplina, como a relação entre teoria, métodos e história da antropologia. A discussão proposta por este GT é fundamental para compreendermos os rumos da Antropologia como ciência e como prática profissional na atualidade. Os trabalhos aqui reunidos visam analisar a formação em Antropologia a partir de sua inserção em diversos espaços educacionais, bem como os desafios postos para sua realização. Também interessa aprofundar nos fundamentos históricos, epistemológicos, teóricos e pedagógicos do ensino e da aprendizagem de antropologia, no intuito de promover desenvolvimentos didáticos que redundem no aperfeiçoamento da formação não apenas de antropólogos e cientistas sociais, mas também de outros profissionais que se beneficiam do conhecimento antropológico. Igual atenção merece o ensino e a aprendizagem da disciplina na educação básica e, eventualmente, em outros contextos, inclusive não escolares.

Palavras chave: Ensino e aprendizagem da antropologia; história da antropologia; teoria antropológica
Resumos submetidos
Aprendendo a ensinar antropologia em tempos pandêmicos: compartilhando experiências e metodologias de ensino a partir do Estágio Docência
Autoria: Ana Paula Marcelino da Silva, Maysa Carvalho de Souza, Vinícius Gabriel da Silva
Autoria: A pandemia da Covid-19, que teve início no Brasil em março de 2020, impactou de forma direta o setor da educação no país, impondo novos desafios tanto para os discentes quanto para os docentes, sobretudo no Ensino Público. Esses novos desafios, marcados pela impossibilidade do "estar lá", isto é, de estar em sala de aula de forma presencial, especificamente durante os períodos mais extremos da pandemia indicam, consequentemente, a necessidade de novas estratégias para a continuidade das atividades acadêmicas de Ensino Superior (referentes não somente ao ensino, mas também a pesquisa e a extensão, por exemplo) mesmo que de forma remota. Desta forma, este trabalho trata da nossa experiência de Estágio Docência ocorrida no primeiro semestre do ano de 2021, realizada na disciplina obrigatória de Antropologia da Saúde II para o curso de Nutrição, ministrada pela docente Mónica Franch (PPGA/PPGS - UFPB) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Nesse sentido, tanto ensinar, aprender e aprender a ensinar antropologia estão envolvidos nas discussões que permearam toda a experiência vivenciada na sala de aula virtual, desde o planejamento das aulas, atividades e dinâmicas, até a execução dos trabalhos de pesquisa etnográfica realizados pelos alunos e alunas.
Aprendendo a ensinar antropologia em tempos pandêmicos: compartilhando experiências e metodologias de ensino a partir do Estágio Docência
Autoria: Ana Paula Marcelino da Silva, Maysa Carvalho de Souza, Vinícius Gabriel da Silva
Autoria: A pandemia da Covid-19, que teve início no Brasil em março de 2020, impactou de forma direta o setor da educação no país, impondo novos desafios tanto para os discentes quanto para os docentes, sobretudo no Ensino Público. Esses novos desafios, marcados pela impossibilidade do "estar lá", isto é, de estar em sala de aula de forma presencial, especificamente durante os períodos mais extremos da pandemia indicam, consequentemente, a necessidade de novas estratégias para a continuidade das atividades acadêmicas de Ensino Superior (referentes não somente ao ensino, mas também a pesquisa e a extensão, por exemplo) mesmo que de forma remota. Desta forma, este trabalho trata da nossa experiência de Estágio Docência ocorrida no primeiro semestre do ano de 2021, realizada na disciplina obrigatória de Antropologia da Saúde II para o curso de Nutrição, ministrada pela docente Mónica Franch (PPGA/PPGS - UFPB) na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Nesse sentido, tanto ensinar, aprender e aprender a ensinar antropologia estão envolvidos nas discussões que permearam toda a experiência vivenciada na sala de aula virtual, desde o planejamento das aulas, atividades e dinâmicas, até a execução dos trabalhos de pesquisa etnográfica realizados pelos alunos e alunas.
Docência de Antropologia na Pandemia de COVID-19: desafios, estratégias e aprendizados de três experiências de estágio-docência
Autoria: Francine Costa, Carolina Giordano Bergmann, Pâmela Laurentina Sampaio Reis
Autoria: As limitações impostas pela pandemia do COVID-19 ao ensino universitário levanta desafios pertinentes ao ensino de Antropologia. Este trabalho visa relatar três experiências de estágio-docência, que aconteceram de forma remota entre 2020 a 2022 nas seguintes disciplinas: Métodos de Pesquisa em Antropologia, Antropologia da Política e, Antropologia e Feminismo, ofertadas nos cursos de graduação em Antropologia Social e Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina. Partimos das seguintes perguntas: Como conseguir o engajamento das-os estudantes no ensino remoto? Que estratégias pedagógicas pode-se desenvolver? Como lidar com as dificuldades materiais e emocionais provocadas pelo contexto político e sanitário no país? Que condições tornam crítica a permanência dos estudantes durante a pandemia? Quais são as mudanças nas funções da equipe docente no contexto de pandemia? Para responder a estas questões refletimos sobre as possibilidades, alcances e limitações do ensino e do aprendizado no ensino remoto, através da análise de escolhas metodológicas e estratégias pedagógicas desenvolvidas por nós nesta modalidade de ensino. Seis serão as questões analisadas: as dinâmicas de ensino usadas em sala de aula virtual e como elas proporcionaram maior ou menor participação e engajamento; as estratégias utilizadas para evitar a evasão e garantir a permanência dos e das estudantes nas disciplinas; os processos desenvolvidos para acompanhar as trajetórias de aprendizado e crescimento intelectual individual das-dos estudantes no ensino remoto; as principais dificuldades para a permanência das-dos estudantes nas disciplinas; nosso papel enquanto estagiárias no contexto do ensino remoto e pandemia. Nossas experiências, ocorridas em momentos distintos do ensino remoto na universidade, nos evidenciou que mesmo em meio a limitações, é possível dar ênfase ao desenvolvimento de habilidades centrais no ensino de Antropologia, tais como o "ser afetado" (FAVRET-SAADA, 2005), a identificação dos aspectos subjetivos e objetivos das observações (GROSSI, 2018) e a descrição etnográfica (SILVA, 2009). As dificuldades nas condições materiais e emocionais enfrentadas pelo coletivo da turma aparecem como um desafio importante para o desenvolvimento da docência durante a pandemia. Constatamos que é preciso um acompanhamento das-os estudantes que seja próximo, flexível e adaptado às circunstâncias pessoais para garantir engajamento com o processo de aprendizagem. Destacamos também a importância do trabalho pedagógico construído em equipe. Acreditamos que tais reflexões podem se tornar fonte de engajamento e inspiração para práticas pedagógicas.
QUANDO COMEÇA UMA ETNOGRAFIA?: reflexões iniciais sobre aprendizagens não escolares e gênero
Autoria: Natália de Oliveira Melo
Autoria: Com essa comunicação propõe-se perguntar: quando começa a pesquisa etnográfica? Considerando a trajetória de uma pesquisadora que se desloca geograficamente para iniciar sua pesquisa de Doutorado, apostamos que ela começa pelos emaranhados/enredamentos desconhecidos (TSING, 2019). O movimento, próprio de uma etnografia (MIZRAHI, 2014), envolve a pesquisa e o pesquisador/a nos entrelaços anteriores ao campo de fato. Nesse texto, propomos que um primeiro movimento da pesquisa etnográfica começa na imersão literária, e esse enredamento abre um mundo de diálogos teóricos que já se relacionam com a pesquisa e com a pesquisadora. Qual o lugar da subjetividade do/a pesquisador/a que está aprendendo a fazer etnografia nesse processo de pesquisa (VEGA SANABRIA, 2019)? Da Matta (1978) sugere que o anthropological blues é característico da terceira fase da pesquisa antropológica - o campo, diferenciando-a da primeira, de imersão na literatura. O caso da presente comunicação ajuda a embaralhar uma e outra fase. Não apenas pelo deslocamento que propomos, mas pela imersão na literatura antropológica que uma de nós experimenta. As chaves analíticas nos sugerem fazer uma etnografia acerca das aprendizagens que se desenham com os processos de subjetivação de jovens mulheres (TOREN, 2021), principalmente no que diz respeito à identidade "natural" de ser mulher (BUTLER, 2001, 2019; DELEUZE; PARNET, 1998; GUATARRI; ROLNIK, 1996; HARAWAY, 2019; WITTING, 2019). Esse é assim um primeiro (literalmente) ensaio textual de uma pesquisa etnográfica que se pretende realizar num futuro próximo. Estamos em momento de campo exploratório, delineando nosso objeto com vias a investigar processos de subjetivação feminina juvenil junto ao funk carioca. Nosso problema de pesquisa reside no potencial que as aprendizagens não escolares (Mead, 2015; Lave e Wenger, 1991; Tassinari, 2009; Ingold, 2011, 2015) podem oferecer para e o a discussão sobre gênero. Com a comunicação proposta, de perspectiva feminista, recorreremos a etnografias que nos inspiram, para discutir sobre a aprendizagem na antropologia, a formação da pesquisadora e a produção de subjetividade no processo de pesquisa.
A Antropologia pelas lentes dos materiais didáticos: a construção teórica e prática a partir da educação
Autoria: Andréa Lúcia da Silva de Paiva
Autoria: A Antropologia vem se firmando em diferentes frentes no campo profissional. Não obstante seu papel universitário é preciso também se perguntar a respeito de sua entrada na educação básica, sobretudo no Ensino Médio, a partir do ensino de Sociologia. No Brasil, a inserção da Sociologia nesta área educacional foi capaz de trazer algumas interrogações que permanecem até hoje: a inserção da disciplina na educação básica, inicialmente, antes da criação das universidades de Ciências Sociais a partir da década de 30. Contudo, o que podemos extrair deste processo? Quais são os pontos de aproximações e distanciamentos da Antropologia, ao longo deste processo, frente à educação? Como, através da Antropologia da Educação, podemos trazer o debate em questão na área do ensino? A prática educativa e os estágios, somado aos programas de formação docente como ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e a Residência Pedagógica vêm contribuir para repensar, teoricamente, o status da disciplina no Brasil pelo viés educacional. Outro fator que assume uma relevância quanto à arte de ensinar e aprender Antropologia via educacional está nas análises dos materiais didáticos. É sobre eles que o presente trabalha centra maior destaque. Pensar nestes documentos, sobretudo, a partir de um novo contexto social apresentado com o Novo Ensino Médio e com a implementação da Nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no presente ano de 2022, nos sinaliza momentos de desafios e perspectivas. Neste conjunto, onde e como a Antropologia vem se posicionando? Neste atual contexto, há alguns fatores que precisam ser apresentados e problematizados. Dentre eles, podemos apontar: 1- A problematização da Sociologia escolar não mais como disciplinas, mas como estudos e práticas. Há de se pensar melhor sobre estas duas categorias: como serão efetivadas enquanto teoria e prática; 2 - A segunda questão se refere à inserção de uma nova área de estudos, as Ciências Humanas e sociais aplicadas, que aparece como uma espécie de "substituta" das disciplinas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia. Neste sentido, nos dois pontos apresentados, vale analisar qual é o lugar que os conteúdos da Antropologia passam a ocupar juntamente com a Sociologia escolar. Como teorias, temas e conceitos estão sendo representados (ou ressignificados)? Neste sentido, analisar e descrever materiais didáticos no atual contexto contribuem para pensar a identidade teórica e prática da Antropologia enquanto ciência escolar. Como ela se encontra entre o campo da teoria e prática e como tais mudanças impactam na teorização sobre a Antropologia da/e/com Educação?
Docência de Antropologia na Pandemia de COVID-19: desafios, estratégias e aprendizados de três experiências de estágio-docência
Autoria: Francine Costa, Carolina Giordano Bergmann, Pâmela Laurentina Sampaio Reis
Autoria: As limitações impostas pela pandemia do COVID-19 ao ensino universitário levanta desafios pertinentes ao ensino de Antropologia. Este trabalho visa relatar três experiências de estágio-docência, que aconteceram de forma remota entre 2020 a 2022 nas seguintes disciplinas: Métodos de Pesquisa em Antropologia, Antropologia da Política e, Antropologia e Feminismo, ofertadas nos cursos de graduação em Antropologia Social e Ciências Sociais da Universidade Federal de Santa Catarina. Partimos das seguintes perguntas: Como conseguir o engajamento das-os estudantes no ensino remoto? Que estratégias pedagógicas pode-se desenvolver? Como lidar com as dificuldades materiais e emocionais provocadas pelo contexto político e sanitário no país? Que condições tornam crítica a permanência dos estudantes durante a pandemia? Quais são as mudanças nas funções da equipe docente no contexto de pandemia? Para responder a estas questões refletimos sobre as possibilidades, alcances e limitações do ensino e do aprendizado no ensino remoto, através da análise de escolhas metodológicas e estratégias pedagógicas desenvolvidas por nós nesta modalidade de ensino. Seis serão as questões analisadas: as dinâmicas de ensino usadas em sala de aula virtual e como elas proporcionaram maior ou menor participação e engajamento; as estratégias utilizadas para evitar a evasão e garantir a permanência dos e das estudantes nas disciplinas; os processos desenvolvidos para acompanhar as trajetórias de aprendizado e crescimento intelectual individual das-dos estudantes no ensino remoto; as principais dificuldades para a permanência das-dos estudantes nas disciplinas; nosso papel enquanto estagiárias no contexto do ensino remoto e pandemia. Nossas experiências, ocorridas em momentos distintos do ensino remoto na universidade, nos evidenciou que mesmo em meio a limitações, é possível dar ênfase ao desenvolvimento de habilidades centrais no ensino de Antropologia, tais como o "ser afetado" (FAVRET-SAADA, 2005), a identificação dos aspectos subjetivos e objetivos das observações (GROSSI, 2018) e a descrição etnográfica (SILVA, 2009). As dificuldades nas condições materiais e emocionais enfrentadas pelo coletivo da turma aparecem como um desafio importante para o desenvolvimento da docência durante a pandemia. Constatamos que é preciso um acompanhamento das-os estudantes que seja próximo, flexível e adaptado às circunstâncias pessoais para garantir engajamento com o processo de aprendizagem. Destacamos também a importância do trabalho pedagógico construído em equipe. Acreditamos que tais reflexões podem se tornar fonte de engajamento e inspiração para práticas pedagógicas.
QUANDO COMEÇA UMA ETNOGRAFIA?: reflexões iniciais sobre aprendizagens não escolares e gênero
Autoria: Natália de Oliveira Melo
Autoria: Com essa comunicação propõe-se perguntar: quando começa a pesquisa etnográfica? Considerando a trajetória de uma pesquisadora que se desloca geograficamente para iniciar sua pesquisa de Doutorado, apostamos que ela começa pelos emaranhados/enredamentos desconhecidos (TSING, 2019). O movimento, próprio de uma etnografia (MIZRAHI, 2014), envolve a pesquisa e o pesquisador/a nos entrelaços anteriores ao campo de fato. Nesse texto, propomos que um primeiro movimento da pesquisa etnográfica começa na imersão literária, e esse enredamento abre um mundo de diálogos teóricos que já se relacionam com a pesquisa e com a pesquisadora. Qual o lugar da subjetividade do/a pesquisador/a que está aprendendo a fazer etnografia nesse processo de pesquisa (VEGA SANABRIA, 2019)? Da Matta (1978) sugere que o anthropological blues é característico da terceira fase da pesquisa antropológica - o campo, diferenciando-a da primeira, de imersão na literatura. O caso da presente comunicação ajuda a embaralhar uma e outra fase. Não apenas pelo deslocamento que propomos, mas pela imersão na literatura antropológica que uma de nós experimenta. As chaves analíticas nos sugerem fazer uma etnografia acerca das aprendizagens que se desenham com os processos de subjetivação de jovens mulheres (TOREN, 2021), principalmente no que diz respeito à identidade "natural" de ser mulher (BUTLER, 2001, 2019; DELEUZE; PARNET, 1998; GUATARRI; ROLNIK, 1996; HARAWAY, 2019; WITTING, 2019). Esse é assim um primeiro (literalmente) ensaio textual de uma pesquisa etnográfica que se pretende realizar num futuro próximo. Estamos em momento de campo exploratório, delineando nosso objeto com vias a investigar processos de subjetivação feminina juvenil junto ao funk carioca. Nosso problema de pesquisa reside no potencial que as aprendizagens não escolares (Mead, 2015; Lave e Wenger, 1991; Tassinari, 2009; Ingold, 2011, 2015) podem oferecer para e o a discussão sobre gênero. Com a comunicação proposta, de perspectiva feminista, recorreremos a etnografias que nos inspiram, para discutir sobre a aprendizagem na antropologia, a formação da pesquisadora e a produção de subjetividade no processo de pesquisa.
A Antropologia pelas lentes dos materiais didáticos: a construção teórica e prática a partir da educação
Autoria: Andréa Lúcia da Silva de Paiva
Autoria: A Antropologia vem se firmando em diferentes frentes no campo profissional. Não obstante seu papel universitário é preciso também se perguntar a respeito de sua entrada na educação básica, sobretudo no Ensino Médio, a partir do ensino de Sociologia. No Brasil, a inserção da Sociologia nesta área educacional foi capaz de trazer algumas interrogações que permanecem até hoje: a inserção da disciplina na educação básica, inicialmente, antes da criação das universidades de Ciências Sociais a partir da década de 30. Contudo, o que podemos extrair deste processo? Quais são os pontos de aproximações e distanciamentos da Antropologia, ao longo deste processo, frente à educação? Como, através da Antropologia da Educação, podemos trazer o debate em questão na área do ensino? A prática educativa e os estágios, somado aos programas de formação docente como ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e a Residência Pedagógica vêm contribuir para repensar, teoricamente, o status da disciplina no Brasil pelo viés educacional. Outro fator que assume uma relevância quanto à arte de ensinar e aprender Antropologia via educacional está nas análises dos materiais didáticos. É sobre eles que o presente trabalha centra maior destaque. Pensar nestes documentos, sobretudo, a partir de um novo contexto social apresentado com o Novo Ensino Médio e com a implementação da Nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no presente ano de 2022, nos sinaliza momentos de desafios e perspectivas. Neste conjunto, onde e como a Antropologia vem se posicionando? Neste atual contexto, há alguns fatores que precisam ser apresentados e problematizados. Dentre eles, podemos apontar: 1- A problematização da Sociologia escolar não mais como disciplinas, mas como estudos e práticas. Há de se pensar melhor sobre estas duas categorias: como serão efetivadas enquanto teoria e prática; 2 - A segunda questão se refere à inserção de uma nova área de estudos, as Ciências Humanas e sociais aplicadas, que aparece como uma espécie de "substituta" das disciplinas de História, Geografia, Filosofia e Sociologia. Neste sentido, nos dois pontos apresentados, vale analisar qual é o lugar que os conteúdos da Antropologia passam a ocupar juntamente com a Sociologia escolar. Como teorias, temas e conceitos estão sendo representados (ou ressignificados)? Neste sentido, analisar e descrever materiais didáticos no atual contexto contribuem para pensar a identidade teórica e prática da Antropologia enquanto ciência escolar. Como ela se encontra entre o campo da teoria e prática e como tais mudanças impactam na teorização sobre a Antropologia da/e/com Educação?
Tecendo narrativas de campo: reflexões sobre escritas e entrevistas
Autoria: Franciele Alves da Silva
Autoria: A formação em Ciências Sociais, em especial, no campo da antropologia tem como um de seus temas fundamentais o estudo das principais atividades do pesquisador ou melhor dizendo, do tornar-se um ou uma pesquisadora nesta área do conhecimento. Um dos textos clássicos abordados nesse processo de aprendizagem é do antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira (1988) "O trabalho do antropólogo: Olhar, ouvir, escrever". Esses "atos cognitivos", como denomina Cardoso o olhar, o ouvir e o escrever, são tidos como três formas de apreender os fenômenos sociais no processo de pesquisa e de produção do conhecimento e, como tal, devem ser problematizados. As reflexões desenvolvidas pelo autor sobre o desnaturalizar o olhar e o ouvir, demonstram a importância do arcabouço conceitual e epistemológico para observar a realidade e apreender o "mundo do nativo". Estas duas etapas consideradas como essenciais ao trabalho de campo se desenvolvem em um contexto problemático, uma vez que o encontro dos mundos do nativo com o do pesquisador se dá por meio de relações assimétricas. Ou seja, aqui podemos indagar sobre a posição do pesquisador em campo e as relações de poder que se imbricam nessa interação social. Haveria um caminho para construir processos mais dialógicos? Essa é uma questão que se impõe não apenas para cientistas sociais e antropólogas em formação, mas que se refaz continuamente no "ser" pesquisador e pesquisadora e fazer antropologia. Finalmente, se juntarmos o terceiro ato cognitivo acionado por Roberto Cardoso de Oliveira, o escrever, como sendo o momento em que a experiência de campo é textualizada e o conhecimento sobre os fenômenos socioculturais é produzido, acrescentamos mais alguns fios nesse tear antropológico. Esses fios, misturam-se e por vezes parecem um emaranhado de uma coisa só - o campo, as interações entre pesquisador e interlocutores, a escrita como produto do processo de produção de conhecimento. É possível desenrolar os fios? Podemos entrelaçá-los de diferentes formas? Essas proposições colocam em cena o pensar sobre a construção das narrativas etnográficas, assim o "estar lá" em campo e o "estar aqui" tecendo a escrita desse campo podem se combinar de forma mais dialógica, não como momentos cindidos, mas como fios que se complementam. Este ensaio tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre trabalho de campo e as vivências construídas nesses encontros e nos diferentes contextos de pesquisa etnográfica. Nesse sentido, movimentos de partilha podem fortalecer estratégias metodológicas e aprofundar concepções, encontrar contradições e novos caminhos, em suma, tomar as relações próprias do ser antropóloga como dinâmicas porque se fazem de interações sociais.
Tecendo narrativas de campo: reflexões sobre escritas e entrevistas
Autoria: Franciele Alves da Silva
Autoria: A formação em Ciências Sociais, em especial, no campo da antropologia tem como um de seus temas fundamentais o estudo das principais atividades do pesquisador ou melhor dizendo, do tornar-se um ou uma pesquisadora nesta área do conhecimento. Um dos textos clássicos abordados nesse processo de aprendizagem é do antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira (1988) "O trabalho do antropólogo: Olhar, ouvir, escrever". Esses "atos cognitivos", como denomina Cardoso o olhar, o ouvir e o escrever, são tidos como três formas de apreender os fenômenos sociais no processo de pesquisa e de produção do conhecimento e, como tal, devem ser problematizados. As reflexões desenvolvidas pelo autor sobre o desnaturalizar o olhar e o ouvir, demonstram a importância do arcabouço conceitual e epistemológico para observar a realidade e apreender o "mundo do nativo". Estas duas etapas consideradas como essenciais ao trabalho de campo se desenvolvem em um contexto problemático, uma vez que o encontro dos mundos do nativo com o do pesquisador se dá por meio de relações assimétricas. Ou seja, aqui podemos indagar sobre a posição do pesquisador em campo e as relações de poder que se imbricam nessa interação social. Haveria um caminho para construir processos mais dialógicos? Essa é uma questão que se impõe não apenas para cientistas sociais e antropólogas em formação, mas que se refaz continuamente no "ser" pesquisador e pesquisadora e fazer antropologia. Finalmente, se juntarmos o terceiro ato cognitivo acionado por Roberto Cardoso de Oliveira, o escrever, como sendo o momento em que a experiência de campo é textualizada e o conhecimento sobre os fenômenos socioculturais é produzido, acrescentamos mais alguns fios nesse tear antropológico. Esses fios, misturam-se e por vezes parecem um emaranhado de uma coisa só - o campo, as interações entre pesquisador e interlocutores, a escrita como produto do processo de produção de conhecimento. É possível desenrolar os fios? Podemos entrelaçá-los de diferentes formas? Essas proposições colocam em cena o pensar sobre a construção das narrativas etnográficas, assim o "estar lá" em campo e o "estar aqui" tecendo a escrita desse campo podem se combinar de forma mais dialógica, não como momentos cindidos, mas como fios que se complementam. Este ensaio tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre trabalho de campo e as vivências construídas nesses encontros e nos diferentes contextos de pesquisa etnográfica. Nesse sentido, movimentos de partilha podem fortalecer estratégias metodológicas e aprofundar concepções, encontrar contradições e novos caminhos, em suma, tomar as relações próprias do ser antropóloga como dinâmicas porque se fazem de interações sociais.