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ISBN: 978-65-87289-23-6
GT40: Esportes, autoritarismo e pandemia: problematizaçõs e resistências em tempos extremos

Mariane da Silva Pisani, Luiz Rojo

Este Grupo de Trabalho amplia os debates iniciados na Mesa Redonda ocorrida na última RBA (2020). Nosso objetivo é acolher trabalhos (em andamento ou concluídos) que abordem como as práticas esportivas (no Brasil e no mundo) lidam com o atual giro político à direita. Temos vivido retrocessos políticos, aumento do autoritarismo, aumento de violências (de gênero, étnico-raciais e/ou LGBTfobia) e, mais recentemente, a Pandemia de Covid-19. Neste cenário as práticas esportivas e seus(uas) participantes sofreram duros impactos, afinal sabemos que os esportes devem ser compreendidos como fenômenos sociais que conectam esferas da vida pública e privada. Receberemos pesquisas que evidenciem como os esportes e suas práticas são inteseccionados por questões como: política, gênero, raça, etnicidade, sexualidade, deficiência, saúde, pandemia, dentre outras. Incentivamos que as(os) proponentes enviem suas reflexões tendo como base diferentes modalidades: futebol, volei, rugby, dança, basquete, boxe, atletismo e/ou outros. Ou mesmo tendo como pano de fundo os megaeventos como Jogos Olímpicos, Jogos Olímpicos de Inverno, Copa do Mundo (masculina e feminina). A partir destes diferentes cenários evidenciaremos como os esportes tem sido palco de disputas políticas, identitárias e sanitárias. Logo não podem e não devem ser compreendidos como arenas alienantes, uma vez que são disputados e podem ser apropriados tanto por pautas progressistas, quanto por perspectivas totalitárias.

Palavras chave: Antropologia dos Esportes; Política; Pandemia
Resumos submetidos
Outra vez o "sexo biológico": o PL-346/2019 e o esporte como mais uma nova arena da ofensiva antigênero
Autoria: Maurício Rodrigues Pinto
Autoria: Este trabalho trata da controvérsia pública em torno do PL-346/2019, protocolado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) em abril de 2019 e que te m por objetivo restringir a participação de pessoas trans em competições esportivas oficiais. O projeto de lei, de autoria do deputado estadual Altair Moraes (Republicanos - SP), visa estabelecer o "sexo biológico" como o parâmetro único e definidor da elegibilidade esportiva no estado de São Paulo e tornou-se base para outros projetos de lei de semelhante teor que foram protocolados em casas legislativas municipais, estaduais e mesmo na Câmara Federal. Atualmente, há uma única atleta trans brasileira que atua em competições esportivas oficiais, a jogadora de vôlei Tiffany Abreu. Em um contexto marcado pelo avanço do conservadorismo, em especial após as eleições de 2018, parte-se da hipótese de que o PL-346 alinha-se a um movimento de ofensiva antigênero e faz parte de uma série de disputas políticas em torno do gênero. Tal alinhamento a esta ofensiva não se daria apenas pelo cerceamento do direito de pessoas trans acessarem o esporte de alto rendimento, contrapondo-se às mais recentes normativas e consensos sobre a elegibilidade esportiva de entidades esportivas internacionais, como o Comitê Olímpico Internacional (COI). Neste trabalho, por meio das vozes de diferentes atores envolvidos nessa controvérsia, busco também mostrar que os argumentos em defesa de projetos que visam restringir a participação de pessoas trans em competições esportivas, por meio do acionamento de pânicos morais, mobilizam repertórios e gramáticas que respaldam discursos favoráveis à rebiologização das diferenças sexuais e à institucionalização da transfobia.
Outra vez o "sexo biológico": o PL-346/2019 e o esporte como mais uma nova arena da ofensiva antigênero
Autoria: Maurício Rodrigues Pinto
Autoria: Este trabalho trata da controvérsia pública em torno do PL-346/2019, protocolado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) em abril de 2019 e que te m por objetivo restringir a participação de pessoas trans em competições esportivas oficiais. O projeto de lei, de autoria do deputado estadual Altair Moraes (Republicanos - SP), visa estabelecer o "sexo biológico" como o parâmetro único e definidor da elegibilidade esportiva no estado de São Paulo e tornou-se base para outros projetos de lei de semelhante teor que foram protocolados em casas legislativas municipais, estaduais e mesmo na Câmara Federal. Atualmente, há uma única atleta trans brasileira que atua em competições esportivas oficiais, a jogadora de vôlei Tiffany Abreu. Em um contexto marcado pelo avanço do conservadorismo, em especial após as eleições de 2018, parte-se da hipótese de que o PL-346 alinha-se a um movimento de ofensiva antigênero e faz parte de uma série de disputas políticas em torno do gênero. Tal alinhamento a esta ofensiva não se daria apenas pelo cerceamento do direito de pessoas trans acessarem o esporte de alto rendimento, contrapondo-se às mais recentes normativas e consensos sobre a elegibilidade esportiva de entidades esportivas internacionais, como o Comitê Olímpico Internacional (COI). Neste trabalho, por meio das vozes de diferentes atores envolvidos nessa controvérsia, busco também mostrar que os argumentos em defesa de projetos que visam restringir a participação de pessoas trans em competições esportivas, por meio do acionamento de pânicos morais, mobilizam repertórios e gramáticas que respaldam discursos favoráveis à rebiologização das diferenças sexuais e à institucionalização da transfobia.
Os protestos em defesa da democracia: Um estudo sobre a ação das torcidas antifascistas em junho de 2020
Autoria: Robson Vasconcelos Carvalho
Autoria: Os protestos em defesa da democracia: Um estudo sobre a ação das torcidas antifascistas em junho de 2020 O objeto empírico deste trabalho se encontra no espaço dos grupos autodeclarados como coletivos antifascistas brasileiros, no âmbito das torcidas organizadas de futebol e foco na pioneira e líder: Democracia Corinthiana. A pretensão é colaborar com uma visão sobre o papel desempenhado por elas em seu reaparecimento no cenário político brasileiro, nos protestos de junho de 2020, ao empunhar uma bandeira em comum - Somos Democracia, contra, entre outras pautas, o autoritarismo do governo Bolsonaro e seus seguidores que defendiam, inclusive, "intervenção militar com Bolsonaro". O Somos Democracia reuniu nas principais capitais do país e especialmente em São Paulo, coletivos antifascistas de diversas torcidas organizadas de futebol, inclusive rivais entre si. Após uma revisão analítica dos principais fatos históricos que relembram as conexões entre a política e o futebol, o contexto contemporâneo será aprofundado por meio de entrevista com um jovem líder da torcida antifascista corinthiana. O desafio é tentar compreender à luz da teoria da democracia participativa, o contexto e o porquê desses coletivos terem ido às ruas. Haveria semelhanças e/ou diferenças entre esses coletivos antifascistas e os movimentos que ocorreram no período da ditadura? Como esses coletivos se articularam em plena pandemia e quais foram as principais adaptações? Qual foi o papel das redes e mídias sociais digitais durante o período? A teoria da democracia participativa reconhece legitimidade democrática nas formas amplas de participação política extra-institucionais, que contemplam tipos de protestos e ações políticas, como as realizadas por esses coletivos em junho de 2020 no Brasil.
Mulheres no futebol e a permanente busca por reconhecimento: avanços, lutas e resistências
Autoria: Thaís Rodrigues de Almeida, Caroline Soares de Almeida
Autoria: Futebol e misoginia parecem ter encontrado um espaço comum no Brasil, afinal, além da modalidade ter ficado proibida por quase quarenta anos às brasileiras, os ofícios que permeiam a organização, direção e produção de conteúdos, têm sido desestimulado desde o início dessa prática às mulheres. Apesar de atualmente estarmos em um contexto em que as mulheres obtiveram avanços no universo futebolístico - igualdade de prêmios e salários entre as seleções, mais árbitras nos quadros das federações, espaço de visibilidade em canais da televisão aberta a jogos, maior incentivo aos campeonatos, entre outros fatores -, ainda acompanhamos comportamentos agressivos contrários a esse processo. São casos de assédio, xingamentos, agressões físicas, menosprezos que tomam maior volume em situações extremas, como as que vivemos durante a pandemia por Covid-19, mais propriamente, em junho de 2020. Na ocasião, o presidente do Esporte Clube Vitória (BA), Paulo Carneiro, havia se negado a repassar o valor encaminhado pela Confederação Brasileira de Futebol às jogadoras do clube. A justificativa era que a verba, mesmo como auxílio às futebolistas, seria mais bem empregada para sanar dívidas do futebol masculino. Paulo Carneiro ainda declarou que o incentivo ao futebol feminino era demagogia, o associando a uma "politicagem" comunista. A partir dos elementos apresentados, o objetivo desta proposta é discutir as representações de mulheres profissionais do futebol no decorrer do desenvolvimento desse esporte no país, assim como o reflexo dessa construção e desafios presentes na atualidade. Para tanto, sustentamos nossas análises no olhar antropológico para as práticas esportivas e na perspectiva dos estudos de gênero. Pontuamos que, apesar do futebol de mulheres ter obtido avanços e visibilidade, permanece enquanto um território de lutas e vigilância por reconhecimento, valorização e resistência, ante as diferentes formas de violência direcionadas às mulheres envolvidas neste universo.
Os protestos em defesa da democracia: Um estudo sobre a ação das torcidas antifascistas em junho de 2020
Autoria: Robson Vasconcelos Carvalho
Autoria: Os protestos em defesa da democracia: Um estudo sobre a ação das torcidas antifascistas em junho de 2020 O objeto empírico deste trabalho se encontra no espaço dos grupos autodeclarados como coletivos antifascistas brasileiros, no âmbito das torcidas organizadas de futebol e foco na pioneira e líder: Democracia Corinthiana. A pretensão é colaborar com uma visão sobre o papel desempenhado por elas em seu reaparecimento no cenário político brasileiro, nos protestos de junho de 2020, ao empunhar uma bandeira em comum - Somos Democracia, contra, entre outras pautas, o autoritarismo do governo Bolsonaro e seus seguidores que defendiam, inclusive, "intervenção militar com Bolsonaro". O Somos Democracia reuniu nas principais capitais do país e especialmente em São Paulo, coletivos antifascistas de diversas torcidas organizadas de futebol, inclusive rivais entre si. Após uma revisão analítica dos principais fatos históricos que relembram as conexões entre a política e o futebol, o contexto contemporâneo será aprofundado por meio de entrevista com um jovem líder da torcida antifascista corinthiana. O desafio é tentar compreender à luz da teoria da democracia participativa, o contexto e o porquê desses coletivos terem ido às ruas. Haveria semelhanças e/ou diferenças entre esses coletivos antifascistas e os movimentos que ocorreram no período da ditadura? Como esses coletivos se articularam em plena pandemia e quais foram as principais adaptações? Qual foi o papel das redes e mídias sociais digitais durante o período? A teoria da democracia participativa reconhece legitimidade democrática nas formas amplas de participação política extra-institucionais, que contemplam tipos de protestos e ações políticas, como as realizadas por esses coletivos em junho de 2020 no Brasil.
Mulheres no futebol e a permanente busca por reconhecimento: avanços, lutas e resistências
Autoria: Thaís Rodrigues de Almeida, Caroline Soares de Almeida
Autoria: Futebol e misoginia parecem ter encontrado um espaço comum no Brasil, afinal, além da modalidade ter ficado proibida por quase quarenta anos às brasileiras, os ofícios que permeiam a organização, direção e produção de conteúdos, têm sido desestimulado desde o início dessa prática às mulheres. Apesar de atualmente estarmos em um contexto em que as mulheres obtiveram avanços no universo futebolístico - igualdade de prêmios e salários entre as seleções, mais árbitras nos quadros das federações, espaço de visibilidade em canais da televisão aberta a jogos, maior incentivo aos campeonatos, entre outros fatores -, ainda acompanhamos comportamentos agressivos contrários a esse processo. São casos de assédio, xingamentos, agressões físicas, menosprezos que tomam maior volume em situações extremas, como as que vivemos durante a pandemia por Covid-19, mais propriamente, em junho de 2020. Na ocasião, o presidente do Esporte Clube Vitória (BA), Paulo Carneiro, havia se negado a repassar o valor encaminhado pela Confederação Brasileira de Futebol às jogadoras do clube. A justificativa era que a verba, mesmo como auxílio às futebolistas, seria mais bem empregada para sanar dívidas do futebol masculino. Paulo Carneiro ainda declarou que o incentivo ao futebol feminino era demagogia, o associando a uma "politicagem" comunista. A partir dos elementos apresentados, o objetivo desta proposta é discutir as representações de mulheres profissionais do futebol no decorrer do desenvolvimento desse esporte no país, assim como o reflexo dessa construção e desafios presentes na atualidade. Para tanto, sustentamos nossas análises no olhar antropológico para as práticas esportivas e na perspectiva dos estudos de gênero. Pontuamos que, apesar do futebol de mulheres ter obtido avanços e visibilidade, permanece enquanto um território de lutas e vigilância por reconhecimento, valorização e resistência, ante as diferentes formas de violência direcionadas às mulheres envolvidas neste universo.