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ISBN: 978-65-87289-23-6
GT18: Antropologia e Estudos Ciganos: perspectivas etnográficas, desafios teóricos-metodológicos e mediações nas esferas públicas

Patrícia Lopes Goldfarb, Felipe Berocan Veiga

Muitas áreas de estudos, especialmente nas Ciências Sociais e Humanas, têm realizado pesquisas sobre ciganos no Brasil e em outros países, sobretudo da América e da Europa. Assim, a Antropologia tem se voltado à realização crescente e profícua de estudos etnográficos, históricos ou documentais sobre os grupos Romani/Ciganos no Brasil. Observamos a produção de pesquisas etnográficas que muito nos informam sobre as situações sociais em que vivem tais grupos, bem como as pautas de reivindicação, a criação de políticas públicas, as relações de gênero, os processos de estigmatização, as demandas por direitos e as relações entre ciganos e não ciganos em diferentes contextos. Diante da crescente quantidade e qualidade das produções antropológicas, faz-se necessário estabelecer diálogos entre pesquisadores de diferentes regiões e formações, priorizando o exercício comparativo entre famílias, grupos e comunidades de ciganos no Brasil. Nesse sentido, a proposta deste Grupo de Trabalho é propor que pesquisadores da temática encontrem aqui um espaço de debate e de diálogo, visando ampliar o esforço comparativo entre as produções de diferentes contextos etnográficos e aprofundar a discussão sobre abordagens teóricas e metodológicas das pesquisas em curso; refletindo, ainda, sobre o papel da antropologia na mediação entre grupos ciganos/Romani e as esferas públicas e governamentais.

Palavras chave: Ciganos, Antropologia, Etnografia
Resumos submetidos
A imagem dos ciganos do Brasil nos textos clássicos: dos pioneiros até a década de 1980
Autoria: José Aclecio Dantas, Patrícia Lopes Goldfarb
Autoria: Este artigo apresenta uma parte dos resultados de uma pesquisa que versa sobre os ciganos no Brasil, mais especificamente sobre a produção teórica desenvolvida sobre o tema desde os primeiros trabalhos até a década de 1980. Uma pesquisa vinculada ao GEC- Grupo de Estudos Culturais, CNPq/UFPB, área de Antropologia, que se voltou para os estudos dos grupos ciganos como minorias étnicas brasileiras. Realizamos um levantamento bibliográfico sobre os estudos ciganos no Brasil e seus contextos históricos e culturais de produção, a partir da análise crítica dessa produção científica e literária, verificando se tais textos colaboraram na construção das representações sociais que até hoje circulam sobre os grupos ciganos no Brasil. Utilizando a Análise de conteúdo de Bardin buscamos identificar os discursos e imagens construídos a respeito dos ciganos e as categorizações que foram acionadas nas narrativas. O recorte metodológico foi do tipo exploratório e constituiu-se numa pesquisa de caráter histórico-crítico bibliográfico. Durante a pesquisa os textos foram divididos entre: os ciganos em documentos coloniais, as literaturas de viagem no Brasil e os textos contemporâneos de Melo Moraes Filho, entre outros. Os resultados indicam que os autores se preocuparam em determinar um "tipo anthropológico" para os ciganos, marcado por alguns biotipos com características comportamentais, psíquicas e temperamentais, a partir da determinação de um conjunto de fenótipos e de debates que eram influenciados pela medicina, genética, criminologia e pelas perspectivas raciais de cada época.