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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR41: Nas malhas da covid-19: fazendo antropologia da saúde em contexto pandêmico no Brasil e no México

Coordenação: Mónica Franch (UFPB)

Debatedor/a: Soraya Fleischer (UnB)
Participantes: Sônia W. Maluf (UFSC), Rozeli Porto (UFRN), María Elena Martínez-Torres (CIESAS)

Resumo:
O mês de março de 2022 marcou dois anos da declaração da situação de pandemia pela Organização Mundial da Saúde. Os desafios de um fenômeno que irrompeu e alterou o cotidiano, global e localmente, que impactou (e ainda impacta) diferencialmente os grupos sociais, deixando um lastro de dor e sofrimento, não deixaram a antropologia indiferente. No intento de compreender os impactos, as respostas, os rastos e os restos da pandemia de covid-19, pesquisadoras/es se organizaram em redes, num movimento que se viu potencializado pelas possibilidades abertas pela comunicação virtual, ela própria um fenômeno estimulado na pandemia. Nesta mesa, colocamos em diálogo pesquisas desenvolvidas no marco de três dessas redes: a Rede Antropo-Covid (UFPB, UFSC, UnB, UFAM, Unicentro/PR, UFPA), a Rede Covid-19 Humanidades (UFRGS, FIOCRUZ, UFSC, UnB, UNICAMP,UFRN, UNIDAVI) e a Red Mexicana de Antropología de la Salud (REMAS). Diante de um “fato social total”, que pode ser apreendido de uma diversidade de ângulos, as pesquisas que serão discutidas nesta mesa priorizam enfoques da antropologia da saúde e dos estudos de gênero, em contextos diferenciados. Algumas das questões que mobilizam a mesa dizem respeito à singularidade e às possibilidades da pesquisa antropológica em meio a uma emergência sanitária, aos diferentes olhares que podem ser lançados sobre a covid-19 a partir de realidades nacionais e locais distintas, à articulação entre políticas, práticas e subjetividades, entre outros assuntos.

Palavras chave: Pandemia de Covid19; Antropologia da Saúde; Pesquisa em Rede.
Resumos submetidos
A rede Antropo-Covid: pesquisa antropológica, impactos sociais da pandemia e o futuro pós-pandêmico
Autoria: Sônia W. Maluf
Autoria: A antropologia brasileira tem encarado, desde março de 2020, a experiência e o desafio de realizar pesquisas e reflexões em meio e sobre uma pandemia que no país e no mundo alcançou proporções incomuns e mesmo impensáveis. Desde lá, diversas iniciativas no campo das ciências sociais, como projetos, formação de redes de pesquisa, publicações, eventos têm mostrado o vigor e o engajamento deste campo de conhecimento em compreender os impactos sociais da pandemia e produzir possíveis respostas e contribuições para seu enfrentamento. Especificamente nesta apresentação vamos trazer as pesquisas e produções da Rede Antropo-Covid, que reúne pesquisadoras de seis universidades brasileiras (UFPB, UFSC, UnB, UFAM, Unicentro/PR e UFPA) em torno do projeto de analisar as múltiplas dimensões e complexidade dos impactos sociais da pandemia e contribuir na elaboração de respostas e políticas sociais dentro desse contexto. Partimos da idéia de que antropologia e a sociologia podem oferecer um conhecimento empírico e analítico que permitem tanto respostas imediatas e de curto termo às demandas governamentais e de gestão local, quanto diretrizes de longo prazo, que podem ser acionadas para novas crises sanitárias. A pandemia produz efeitos não apenas no campo da saúde, mas atinge todos os aspectos da vida social, o que evidencia a importância de uma abordagem interdisciplinar. Além disso, passados dois anos da declaração da Organização Mundial de Saúde (OMS/ONU) de que estamos em uma pandemia, questões sobre o momento e os contextos pós-pandemia também começam a ser abordadas pelas pesquisas antropológicas. Abordaremos as seguintes questões: a experiência do trabalho e pesquisa em rede; diferentes dimensões dos impactos sociais da pandemia; pandemia e outras crises (desemprego, pobreza, ataques à democracia, conflitos e violência...); as ciências da Covid e o lugar da pesquisa antropológica; políticas sociais e respostas locais: novas políticas da vida e novos modos de viver junto.
Rede Covid-19 Humanidades: Saúde, Gênero e Pan/Epidemias no Brasil e no Rio Grande do Norte
Autoria: Rozeli Porto, Jean Segata Fernanda Moura Natália Araújo
Autoria: A Rede Covid-19 Humanidades surgiu em Julho de 2020 e produz pesquisas que analisam os impactos sociais da Covid-19 no Brasil, objetivando compreender de modo situado a pandemia e subsidiar ações de respostas que considerem as suas implicações científicas, sociais, políticas, históricas e culturais. Sob o título "A Covid-19 no Brasil análise e resposta aos impactos sociais da pandemia entre profissionais de saúde e população em isolamento", a rede mobiliza pesquisadoras/es de diferentes áreas das Ciências Humanas, Sociais e da Saúde do Brasil e do exterior, sendo liderada pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob coordenação geral do professor Jean Segata. Participam dessa rede a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), o Instituto Brasil Plural da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (UNIDAVI). Na UFRN, a pesquisa está sendo desenvolvida pelo Grupo Gênero, Corpo e Sexualidades (GCS/DAN/PPGAS), que envolve estudantes da graduação e pós-graduação, assim como professores de instituições parceiras (Escola Multicampi de Ciências Médicas EMCM/UFRN e Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi/Santa Cruz/UFRN). O desenvolvimento da pesquisa também se alia a investigação da epidemia do zika vírus e de síndromes congênitas que atingiram centenas de famílias no estado. Para esta mesa, pretende-se apresentar alguns resultados sobre as implicações e consequências do Zika Vírus e da COVID-19 sobre a saúde física, mental e reprodutiva das mulheres "mães de micro" e das profissionais de saúde que trabalham na linha de frente dessas pan/epidemias no RN. Sob um enfoque antropológico, serão analisadas as mudanças das/nas relações laborais, de cuidado, parentesco, saúde, afetos e ou/violências do/no cotidiano dessas mulheres, seus familiares e outras/os sujeitas/os. A investigação em andamento, está sendo empreendida a partir entrevistas semiestruturadas (on-line plataforma zoom e/ou meet), surveys e trabalho de campo etnográfico, ajustado às dinâmicas sociais urbanas contemporâneas no atual contexto da pandemia do COVID-19.