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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR47. Práticas antropológicas na produção audiovisual

Coordenação: Lisabete Coradini (UFRN)

Debatedor/a: Alex Giuliano Vailati (UFPE)
Participantes: José da Silva Ribeiro (ID+), Alfonso Palazón (URJC), Emiliano Dantas (CRIA)

Resumo:
As práticas antropológicas no campo disciplinar da Antropologia Audiovisual, na produção fílmica e fotográfica, têm sofrido profundas transformações nestas últimas décadas. Por um lado, as mudanças tecnológicas, os desenvolvimentos das tecnologias digitais e o acesso generalizado aos meios de registo de som e da imagem, software de edição e meios e modos de circulação e divulgação das produções e a consequente independência dos constrangimentos económicos e políticos; por outro lado novos paradigmas de pesquisa e ainda as redes ou intercâmbio de pesquisadores em antropologia e cinema, o crescimento substancial de produções audiovisuais no âmbito da antropologia e de mostras e festivais de cinema etnográfico e de documentário. Interrogamo-nos até que ponto estas mudanças se inspiram em práticas antigas e nas figuras de referência do filme etnográfico e do documentário as reconfiguram ou incluem formas espontâneas de produção emergentes nas margens do cinema e da antropologia. Esta mesa redonda, procurará debater estas práticas, vinculadas às estratégias metodológicas que ampliam o campo teórico da antropologia. Essa proposta conta com apoio do CAV/ABA e é de interesse para a antropologia, o cinema, a fotografia e a ação humanitária.

Palavras chave: antropologia, cinema, fotografia, tecnologias digitais
Resumos submetidos
Entre a antropologia visual e o cinema documentário
Autoria: José da Silva Ribeiro
Autoria: O Festival Internacional de Documentário de Melgaço organiza anualmente um curso de verão desde 2014. Em 2022 o tema é a Antropologia Visual / Antropologia e Cinema. Como se articulam estes dois temas a partir de três vetores: etnografias / metodologias audiovisuais participativas, a relação entre o olhar do Antropólogo/ olhar do Documentarista, arquivos fílmicos, memórias e autoetnografia. Abordaremos assim como novos paradigmas de pesquisa participativa e de pesquisa ação reconfigura a produção e o debate em torno da antropologia visual. O filme etnográfico, a antropologia visual e o documentário sempre conviveram e sempre reciprocamente se questionaram de múltiplas formas e na multiplicidade das metodologias utilizadas. No centro está a observação, a construção do olhar em antropologia e no cinema "a imagem cinematográfica é essencialmente a observação de um fenómeno que se desenvolve no tempo" (Tarkovsky). Não será também esta a questão central da antropologia e das artes? É sobre esta questão que tentamos cruzar e confrontar o olhar do antropólogo e do cineasta. Finalmente os documentários realizados a partir desses arquivos procuram trazer memórias e representações a uma audiência em geral, mediadas pela edição e narração de uma autoetonografia. As situações etnográficas vividas e o trabalho de campo saem do seu contexto e são mediatizadas por uma narrativa fílmica "atualizada". O espectador pode ver, sentir e imaginar as realidades sobre os outros nos arquivos etnográficos. Os investigadores podem reviver essas experiências de relação com os outros ao se recontarem as memórias provocadas pelas imagens de acervos. Procura-se também articular e pôr em contacto experiências criativas de proveniências diversas - de cineastas, redes e associações científicas e artísticas e investigadores de universidades e produtores culturais, países e continentes diversos.
O Círculo Cultural como experiência antropológica compartilhada
Autoria: Emiliano Dantas
Autoria: O Círculo Cultural é uma experiência antropológica compartilhada, na medida em que propõe a aproximação entre o conhecimento antropológico da/o pesquisador/a e o ponto de vista dos/as participantes. A experiência acontece em uma atividade prática que une teoria e metodologia no fazer antropológico pelo movimento, pelas habilidades (Ingold, 2011) e pela dialética (Freire, 1998). O Círculo promove a interação entre pessoas, coisas, sentidos, tempos e permite a leitura e reescrita do mundo com imagens. As/os participantes são convidadas/os a lerem os seus mundos nas imagens, com suas palavras, com suas observações e com seus sentimentos, para construírem conhecimento crítico sobre suas vidas, sendo assim autoras/es das suas histórias.