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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR13: Avaliação da implementação e resultados das políticas de inclusão racial nas Universidades Federais do Sul do Brasil

Coordenação: Marcos Silva da Silveira (UFPR)

Debatedor/a: Maria Nilza da Silva (UEL)
Participantes: Denise Jardim (UFRGS), Judit Gomes (UFPR), Alexandra Alencar (UFSC)

Resumo:
O cenário político tem posto em evidência a avaliação dos resultados das políticas de inclusão rediscutindo sua validade e potencialidades. É oportuno pensar numa mesa onde estas políticas passem por uma avaliação acadêmica, praticamente 20 anos depois do início das discussões que levaram à sua implantação. Como foram promovidas e acompanhadas por antropólogas e antropólogos, entre outros cientistas sociais e educadores, é possível construir um olhar antropológico sobre os resultados das mesmas, que contribua para o debate atual em torno da sua continuidade e dificuldades, tanto quanto sobre outras políticas inclusivas, como as cotas para negros no serviço público. A região sul do Brasil é conhecida por ser a única região de expressiva maioria branca do País, com um quadro étnico racial sui generis. Sendo assim, questões que as políticas de inclusão racial procuraram equacionar, como o racismo estrutural, a lógica da branquitude normativa, o acesso ao mercado de trabalho formal, a ascensão social, a formação de quadros, devem ter, à princípio, características distintivas, quando vistas a partir das principais Universidades da Região. A esta mesa foram convidadas pesquisadoras com muita experiência prática nos desafios que a execução dessas políticas tem enfrentado, em cada uma das suas Universidades. A ideia é ouvi-las em conjunto para que seja possível formar uma visão regional dos resultados obtidos, e apontar para questões mais abrangentes e de relevância nacional.

Palavras chave: relações raciais; politicas afirmativas; universidade federal.
Resumos submetidos
Entre jogos de cena e pulsōes de justiça: um olhar antropológico sobre as comissōes de heteroidentificação na UFRGS.
Autoria: Denise Jardim
Autoria: Este trabalho versa sobre as práticas jurídico-administrativas e a implementação de acoes afirmativas na graduação da UFRGS longo de 15 anos. Focalizo a introdução de novas tecnologias e rotinas na instituição de ensino superior visando a implementação de reserva de vagas. O trabalho pretende refletir sobre o que aprendemos e como lidamos, como antropológos e antropológas, quando estamos imersos na implementação das cotas e na reformulação de práticas institucionais rotinizadas. Destaco alguns exemplos que permitem examinar jogos de cena e pulsōes por justiça que impulsionaram novas rotinas administrativas. O objetivo é problematizar os discursos genéricos sobre procedimentos e os modos de implementação das comissōes de verificação para o ingresso na modalidade de autodeclarados negros e negras na UFRGS. Com base na experiência direta na coordenação e elaboração de equipes para capacitação e trabalho de comissōes de ingresso, apresento os dilemas administrativos e juridicos que não são imediatamente viziveis, próprios do campo administrativo e institucional, em contraste com temas que ganham repercussão política e tendem a dominar o debate público.
Saberes afirmativos no fazer universitário: uma perspectiva antropológica sobre as experiências da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Autoria: Alexandra Alencar
Autoria: As políticas de ações afirmativas no contexto da UFSC foram implementadas em 2008 frente à um contexto de herança colonial catarinense na qual constituiu um espaço universitário voltado majoritariamente para a elite branca deste Estado . Nas últimas décadas, essas políticas afirmativas implementadas por força da luta dos movimentos sociais e nova legislação brasileira promoveram o acesso ao ensino superior por setores populares historicamente marginalizados neste país. Contudo as iniciativas administrativas e pedagógicas mobilizadas pela instituição tem ainda alcance preliminar, considerando seu período de existência e atuação. Assim a presença das diversidades indígena, negra, de mulheres, deficientes, quilombolas e LGBT+ no contexto universitário brasileiro, e em específico na UFSC, nos convida ao exercício reflexivo crítico das experiências plurais provenientes das relações constituídas entre a educação intercultural e a universidade. Desta maneira nosso objetivo, por meio de várias experiências de observação e produção de conhecimentos antropológicos sobre as políticas de ações afirmativas na UFSC, é partilhar e refletir de que forma tais saberes e fazeres afirmativos tem propiciado mudanças nos próprios saberes e fazeres universitários no que tange suas dimensões de ensino, pesquisa e extensão.
As políticas afirmativas na UFPR e as transformações na estrutura institucional
Autoria: Judit Gomes
Autoria: O objetivo deste texto é apresentar o panorama atual das políticas afirmativas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) implementadas a partir de 2004, em específico as de corte racial. E, concomitantemente, demonstrar como a emergência de uma estrutura institucional para tratar da diversidade dessas políticas possibilitaram em 2017 o estabelecimento da Superintendência de Inclusão Políticas Afirmativas e Diversidade (SIPAD/UFPR). A pesquisa toma como referências as pesquisas de Ciméa Bevilaqua (2005); Paulo Vinícius Baptista da Silva (2008, 2022); Liliana Porto (2011) e Emerson CERVI (2011). E também relatos de servidoras e servidores responsáveis por diferentes áreas e ações da SIPAD.3 O material etnográfico revela que para a consolidação das políticas afirmativas para pessoas negras na graduação, na pós-graduação e no serviço público federal é preciso um esforço coletivo das diferentes instâncias e segmentos da comunidade universitária.