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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR31: Interculturalidade, Confluências e Narrativas Contralocoloniais

Coordenação: Angela Souza (UNILA)

Participantes: Jade Alcântara Lôbo (IDAFRO), Kowawa Kapukaja Apurinã (UFF), Aline Y. Hasegawa (SESC-SP)

Resumo:
Atualmente a academia brasileira presencia um processo único e revolucionário de confluências de saberes e disputa de narrativas mediante a adoção das políticas de ações afirmativas e da resistência de debates contracoloniais dos povos intitulados enquanto minorias. Apesar de comporem a maioria numérica no Brasil, povos afropindorâmicos e amarelos sofrem uma grande marginalização sociogeográfica e epistêmica. No que tange a academia, os saberes desses povos ainda são questionados enquanto epistemologias visto que frequentemente apenas são levados em consideração quando objetificados em pesquisas, sendo repudiados e, por vezes, boicotados quando são sujeitos ativos nestes trabalhos. Na antropologia um grande marco neste debate foi a criação do Coletivo de Antropóloges Negres e da Articulação Brasileira de Indígenas Antropóloges. Levando em conta este cenário, a presente mesa tem como objetivo promover o debate e a confluência intercultural de distintas epistemes marginalizadas (negra, indígena e amarela) por meio de um diálogo entre diferentes antropólogas engajadas politicamente.

Palavras chave: Contracolonialidade; Interculturalidade; Confluências de Saberes
Resumos submetidos
As palavras e teoria: uma analise contracolonial :
Autoria: Kowawa Kapukaja Apurinã
Autoria: As palavras possuem espirito dos seus/suas autores/autoras , o lugar do/a "selvagem" é previamente estabelecido, não somente nas relações objeto da academia, mas no extrativismo epistêmico destes saberes, reificado o lugar destes "selvagens" com outras palavras, mas com o os corpos tutelados destes saberes em processo de colonização em curso. Na pesquisa social e antropológica , o lugar do selvagem( TROUILLOT,2011), na condição de objetos de estudos, " sociedades-objetos", "informantes", seja na apropriação escravagista/extrativista de uma ampla gama de conhecimentos, artifícios, ofícios indígenas ( mateiros, remeiros, guias, remadores, mão-de obra servi) que tem nos corpos indígenas o " corpo-suporte" de tais epistemes, informações e saberes, na condição de mão de obra escrava ou servilizada ( APURINÃ, TUPINAMBÁ, 2020). Inúmeros foram as formas de extrativismo epistêmico e escravismo epistêmico, mas que também estruturam privilégios epistêmicos e formas de racismo epistêmicos a partir da inferiorizarão epistêmica , a desqualificação desses saberes e do monopólio do conhecimento que marcam como positivos os conhecimentos e saberes baseados nas experiências sociais e históricas e nas concepções de mundo oriundo dos espaços hegemônicos e racialmente brancos( moderno, cristão, ocidental, eurocentrado), desqualificando os saberes/epistemes oriundos das matrizes culturais e espirituais indígenas enquanto saberes vis, menores, que " não prestam", sem valor, marcado como hierarquicamente inferior , rasurado pela sua origem étnica e racial, considerados conhecimentos ilegítimos, subalternos.Os colonizadores , ao os generalizarem apenas " indíos", estavam aprimorando técnicas de adestramentos,se destrói um povo, quando retirando a cultura e o modo de está no mundo. Neste , adestramento, se retira o sentido dos grupos , e os trata como uma generalização, retirando a humanidade e coisificando ( SANTOS, 2016). As palavras escritas, exercem um poder de dominação, são oriundas delas todo os processo de extermínios de povos indígenas. REFERÊNCIAS SANTOS, Antonio Bispo dos . Colonização, quilombos , modos e significaçoes. Brasilia: INCTI/UNB, 2015. TROUILLOT, Michel-Rolph. Transformaciones globales. La antropologia y el mundo moderno. Traducción y presentacioón : Cristóbal Gnecco. Universidade del Cauca. CESO- Universidade de los Andes, 2011. TUPINAMBÁ, A. APURINÃ, K.K.E SEREMOS NÓS QUE FALAREMOS SOBRE NÓS? - ANTROPOLOGIAS INDÍGENAS: MIRAGENS E REFLEXÕES NAS ENCRUZILHADAS DE UM DEBATE POLÍTICO-EPISTÊMICO AINDA PENDENTE In: APURINÃ, KK. & SCANDOLA, Estela M.R. (ORGS) POVOS INDÍGENAS NO BRASIL: DIREITOS, POLÍTICAS SOCIAIS E RESISTÊNCIAS. Porto Alegre: Nova Práxis Editorial, 2020.
Caminhos Contracoloniais: do Epistemicídio ao Engajamento
Autoria: Jade Alcântara Lôbo
Autoria: A proposta desta mesa é tensionar os espaços de ensino dentro da antropologia ao refletir sobre a contribuição negra-indígena à teoria e metodologia da área. Apesar da antropologia ter se debruçado ao estudo dos povos negros e indígenas no Brasil, observa-se a construção de uma problemática sobre o processo de reconhecimento da produção téorica destas populações enquanto sujeitos de pesquisa. Ao sair da condição de objeto de estudo e propor uma pesquisa "ao lado" , intelectuais engajados buscam oxigenar a disciplina, buscando alternativas contracoloniais e expandindo as possibilidades de problemas de pesquisa. Ao buscar possibilidades de caminhos contracoloniais dentro da disciplina tornou-se evidente a urgência em analisar desde as políticas de ação afirmativa e reconhecimento das/os mestres de saberes nas universidades até a reforma dos planos de ensino e currículo.