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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR01: 150 anos de Marcel Mauss: uma obra em constante desdobramento

Coordenação: Renata Menezes (UFRJ)

Participantes: Carlos Sautchuk (UnB), Daniel Bitter (UFF), oberta Campos (UFPE), Renata Menezes (UFRJ)

Resumo: 
Em 2022, comemora-se um século e meio de nascimento de Marcel Mauss. Aproveitando a efeméride, esta mesa pretende explorar algumas possibilidades de desdobramento de sua obra, quanto à questão das técnicas, da religião, e da relação entre pessoas e coisas. E também, considerar como sua forma de trabalhar e de articular vida acadêmica e participação publica podem ser inspiradoras. Se Mauss é apresentado em muitos manuais de Antropologia de forma sucinta, como o "pai da etnologia francesa", ou o autor de "O ensaio sobre a dádiva", sabe-se que seu impacto no desenvolvimento da Antropologia foi muito mais amplo, tanto quanto ao conteúdo e forma de seus textos, como quanto à sua maneira - coletiva e experimental - de processar o conhecimento. A amplitude de interesses acionados em seus trabalhos, bem como o caráter programático de muitos deles, têm permitido que diferentes gerações de pesquisadoras e pesquisadores os revisitem, produzindo novos conhecimentos. Assim , a mesa assume o duplo registro de homenagem e de demonstração da vitalidade da obra maussiana. E, ao reconhecer sua capacidade "gerativa", pretende também formular uma possível resposta quanto ao lugar dos clássicos na formação antropológica atual.

Palavras chave: Marcel Mauss; teoria antropológica; antropologia francesa
Resumos submetidos
As montagens antropológicas do ateliê de Marcel Maus: modos de produzir conhecimento e maneiras de estar no mundo
Autoria: Renata Menezes
Autoria: Em minha intervenção, pretendo seguir pistas abertas por autores como Roberto Cardoso de Oliveira, Camille Tarot, Keith Hart, David Graeber e Jean-François Bert, que consideram que as contribuições de Marcel Mauss à Antropologia não estão apenas no conteúdo de seus textos, mas em sua forma de processar o conhecimento. Se as dimensões "abertas" de sua obra - programáticas, fragmentárias, experimentais - serviram de ponto de partida ou de inflexão em várias linhas de pesquisa e debates antropológicos ao longo da história da disciplina, seu modo de produzir também pode ser inspirador. Assim, procurarei destacar algumas características de seu modo de fazer antropologia, explorando a ideia de "ateliê" de Mauss , inicialmente proposta por Bert (2012), em todos os seus sentidos dicionarizados: como local de trabalho de artista ou de quem trabalha em seu nome; como local de trabalho de artesão ou operário; e como aula ou curso prático sobre uma atividade ou um assunto específico. É, portanto, como uma combinação singular entre arte, artesanato e experiência didática aplicada à realidade instável e crítica que pretendo apresentar a Antropologia de Marcel Mauss.