Sessão 1
Participante(s): Clara Saraiva (Universidade de Lisboa), Francesca Declich (Universitá degli Studi di Urbi)
Debatedor(a): Carmen Silvia de Moraes Rial (UFSC)

Sessão 2
Participante(s): Irene Piedrahita Arcila (Universidade de Antioquia), Omar Ribeiro Thomaz (Unicamp)
Debatedor(a): Virginia Dominguez (University of Illinois at Urba)

Resumo:
No dia 16 de fevereiro de 2022, a Folha de São Paulo anunciava que “ Além de crise na Ucrânia, mundo tem 28 conflitos ativos e teme novas guerras”. Já no dia 25 de fevereiro, um dia após o ataque da Ucrânia pela Rússia, Brasil de Fato estampava a manchete “Guerras pelo Mundo: Síria, Somália e Iêmen também sofreram ataques aéreos nos últimos dias”. Mas apesar da existência de outros conflitos sangrentos, como a guerra civil no Iêmen que foi considerada pela ONU o pior desastre humanitário do mundo, é evidente o tratamento diferenciado dado à guerra na Ucrânia. Para além da ampla e diferenciada cobertura da mídia, a Ucrânia se tornou foco de extensa mobilização internacional, recebendo apoio militar, ajuda humanitária e manifestações de alianças de países que integram a NATO, especialmente dos Estados Unidos. Essas mobilizações nos remetem à reconstrução da Guerra Fria e às ameaças de uma terceira guerra mundial. Ao mesmo tempo, trazem à tona as diferenciações entre as guerras da atualidade, refletidas em seus posicionamentos desiguais na geopolítica global e nas distintas coberturas da mídia, assim como nas políticas racializadas e de gênero em relação aos refugiados e nas tensões atuais envolvendo a noção de direitos humanos e de humanitarismo numa conjuntura marcada pela ascensão da extrema direita e de políticas de governança tecnocrata de securitização e criminalização de migrantes e refugiados. Tendo em vista o atual contexto global, esse simpósio organizado pelo WCAA (Conselho Mundial das Associações Antropológicas) reúne um conjunto de apresentações que problematizam diferentes aspectos da guerra e da paz : a espetacularização da guerra e o retorno da morte pública, os crimes contra a humanidade e a violência de gênero incluindo a relação entre guerra e estupros, as iniciativas de universidades públicas em investir no refúgio acadêmico e, portanto, nos direitos humanos e no humanitarismo, e os paradoxos enfrentados pela Comissão da Verdade da Colômbia, após longos anos de conflito armado.