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ISBN: 978-65-87289-23-6
GT54: Mobilidade dos Povos Indígenas: fronteiras, conflitos, diferenças e direitos

Antonio Urquiza, Joana A. Fernandes Silva

O GT pretende reunir trabalhos de pesquisadores/as que tenham pesquisa sobre os novos contextos ou cenários de mobilidade dos povos indígenas, entre aldeias, entre fronteiras, ou mesmo para centros urbanos, realidades às vezes produzidas por deslocamentos forçados motivados por grandes empreendimentos, ou histórias de expulsão de seus territórios tradicionais e as tentativas de retorno na atualidade. Conforme dados do (IBGE - 2010) ao redor de um terço da população indígena vive em espaços urbanos, enquanto outra parte vive em áreas de conflito, em acampamentos em margem de rodovias, ou mesmo em áreas tituladas por particulares, na maioria dos casos, em contextos de extrema violência. A mobilidade indígena muitas vezes é forma de resistência a múltiplas formas de violências: territoriais, culturais, políticas, de gênero, dentre outras, às quais os levam a intensa movimentação política com novas posições frente a um Estado usurpador de direitos, ao mesmo tempo em que procuram ocupar novos espaços políticos, como universidades e agências do próprio governo. Assim, este GT pretende reunir pesquisadores/as com afinidade na temática indígena e áreas afins que tragam contribuição para esse debate, para um "fazer antropológico em tempos extremos".

Palavras chave: povos indígenas; fronteiras; direitos;
Resumos submetidos
"Llegamo en otra ciudad, amigo": um estudo de caso sobre mobilidades e solidariedade realizado por um grupo Warao
Autoria:
Autoria: O objetivo principal desse trabalho é o de compreender os deslocamentos espaciais e as ações de solidariedade realizadas por um grupo indígena Warao no estado da Paraíba, tendo como fio condutor as narrativas produzidas por esse grupo étnico que vive num abrigo criado e sob responsabilidade de uma instituição religiosa na cidade de João Pessoa, capital paraibana. Posto isso, o enfoque central sãos as mobilidades e as estratégias de ação entre outros grupos de parentes, desembocando numa rede solidariedade. Além disso, busco através das relações interétnicas construídas e observação participante compreender o porquê (e como) ocorrem essas mobilidades por outras cidades da região Nordeste, tendo como recorte para este estudo a rota de mobilidade entre os estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia.
Pademia e o Aprofundamento da Lógica Integracionista na Política do Governo Brasileiro para os Povos Indígenas
Autoria:
Autoria: Diversas reportagens jornalísticas apresentam um quadro de elevação dos riscos sociais sobre as populações indígenas do Brasil nos últimos anos. Este crescimento coincide com o retorno de políticos de direita e conservadores ao governo do país, que tem retomado políticas pretéritas inspiradas em ideias e interesses elitistas. No contexto da pandemia do Covid-19, essa situação se agravou consideravelmente, pois houve um crescimento acelerado das ameaças sobre as populações indígenas. O objetivo deste estudo é analisar, a título de apontamentos gerais, o contexto do atual agravamento destes riscos/ameaças sobre as populações indígenas brasileiras, considerando suas possíveis causas, os atores envolvidos, os interesses subjacentes, as ideias e as ações práticas que dão conteúdo a este processo. A base teórica do estudo é a teoria crítica, de viés marxista, por possibilitar explicar e compreender os processos históricos com base na análise das relações e dos interesses conflitantes entre agentes sociais coletivos -classes, grupos, corporações sociais. Como metodologia, utiliza-se a pesquisa bibliográfica e documental, cujas fontes são artigos científicos, matérias de jornais e documentos elaborados por organizações oficiais ou da sociedade civil. Os levantamentos bibliográficos preliminares indicam que está havendo um retorno a um modelo que autores como Meliá (1981), Grizzi e Silva (1981), D"Angelis (2001), Tommasino (2003), Luciano (2006) e Oliveira e Nascimento (2012) caracterizam como integracionista e assimilacionista: "assimilacionista (do ponto de vista cultural) e integracionista (do ponto de vista econômico)" (TOMMASINO, 2003, p. 80). Os principais atores envolvidos, além dos próprios índios, são o Governo Federal, acadêmicos indigenistas, ONGs, movimentos ambientais, movimento indigenista, empresários do agronegócio e da área de mineração, trabalhadores pobres e de baixa qualificação, além de setores religiosos, protestantes e católicos, conservadores e progressistas. As causas principais estão associadas à negligência e conivência do governo com interesses elitistas predatórios das riquezas indígenas, ao agravamento dos problemas e injustiças sociais no Brasil, que pressionam trabalhadores pobres e de baixa qualificação a buscar oportunidades ocupacionais na exploração de recursos existentes em terras indígenas, aos interesses do médio e grande capital, nacional e estrangeiro, do agronegócio e da mineração, aos interesses de grupos religiosos evangélicos e à fragilização dos movimentos sociais progressistas. Conclui-se que somente o enfrentamento político articulado das bases sociais indígenas pode reverter este processo.
Uma cidade indígena? Mobilidade, lazer, comércio e política nas relações entre indígenas e não-indígenas, em Barra do Corda-MA
Autoria:
Autoria: O ensaio aqui proposto, se reflete em um conjunto de observações e dados arguidos na minha experiência de pesquisa de campo, em Barra do Corda do Maranhão, junto ao povo indígena Tentehar-Guajajara, durante o mestrado. Através de aspectos gerais relacionados às práticas políticas, comerciais, de lazer e os diversos fluxos entrelaçados, será possível perceber a complexa rede de relações, da qual o indígena não apenas integra e participa, mas antes de tudo, são agentes históricos de sua construção e transformações. Momentos vivenciados com diferentes pessoas da etnia Tentehar-Guajajara, como o carnaval, as eleições, o dia do índio, as feiras de artesanato, gêneros agrícolas, etc. serão objetos aos quais deterei o meu olhar, neste trabalho.