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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR37: Mobilidades transnacionais, gênero e sexualidade: agenciamentos possíveis

Coordenação: Vinícius Zanoli (Freie Universität Berlin)

Participantes: Adriana Piscitelli (Unicamp), Stephanie Schütze (Freie Universität Berlin), Guilherme Passamani (UFMS)

Resumo:
Esta mesa redonda discutirá como gênero e sexualidade agenciam deslocamentos em mobilidades transnacionais desde países do “chamado sul global” em direção a Estados Unidos e Europa. Problematizaremos os atravessamentos de gênero, sexualidade e outros marcadores sociais da diferença na circulação de pessoas, objetos, ideias, símbolos e capital. As apresentações centrar-se-ão no debate que aproxima política e globalização a partir de um enfoque interseccional, bem como o lugar do desejo e do erotismo nos processos migratórios. Tensões e negociações que são atravessadas e constituem as diferenças de gênero e sexualidade marcam os trabalhos a serem apresentados na mesa redonda. Assim, as presentes pesquisas destacam os processos de subjetivação que aproximam afetos e trocas econômicas nos deslocamentos entre erotismo e desejo em contextos transacionais. Em vista disso, o propósito da reunião das presentes pesquisas é analisar como as mobilidades e os deslocamentos têm sido impactados pelos marcadores de gênero e sexualidade em contextos transnacionais, produzindo alterações nas clássicas compreensões de assimetria nos fluxos migratórios, bem como nos modos de se organizar e atuar politicamente. Ou seja, como gênero e sexualidade, em relação com outros marcadores da diferença, constituem subjetividades, identidades políticas, redes de relações e formas de viver e atuar em fluxos locais, nacionais e transnacionais.

Palavras chave: gênero, sexualidade, mobilidades transnacionais
Resumos submetidos
"Brasil tá no DNA, pai": sexotização e agência no trabalho sexual de homens brasileiros na Europa
Autoria: Guilherme Passamani
Autoria: A discussão que pretendo levar a cabo nesta fala tem como grande tema o trabalho sexual de homens brasileiros em Lisboa, Portugal, e seus processos de mobilidade por outros países da Europa. Sabe-se, no entanto, que a atenção aos seus fluxos, trânsitos, relações e performances é tarefa árdua demais para uma breve exposição. Em vista disso, interessa-me aqui ressaltar as estratégias desses homens envolvidos com os mercados do sexo em contextos transnacionais, na condição de trabalhadores sexuais, para agenciar certa noção de "sexotização" associada a sujeitos brasileiros no âmbito das economias sexuais. Farei isso partir da intersecção entre gênero, sexualidade, cor/raça e nacionalidade para refletir como eles operam nas engrenagens de uma "engenharia do desejo" adequando-se a "brasilidades imaginadas" nos contextos europeus por onde transitam a fim de auferir as vantagens desejadas.
"Sobreviver jogando": Estratégias transculturais e de gênero em ligas de futebol de migrantes bolivianas em São Paulo
Autoria: Stephanie Schütze
Autoria: A apresentação se concentra nas ligas de futebol amador de migrantes bolivianos em São Paulo. As jogadoras trabalham principalmente em oficinas de costura participam no bairro de Bom Retiro. A apresentação explora as estratégias - transculturais e de gênero - de apropriação do espaço no contexto das ligas de futebol amador migrantes. Os times e ligas de futebol amador são um fenômeno bastante comum entre os migrantes em muitas partes do mundo: não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos e nas grandes cidades da Europa existem times de futebol amador de imigrantes latino-americanos. Isso pode ser interpretado como uma forma de integração na sociedade receptora e - ao mesmo tempo - como uma forma de manter ou recriar o sentimento de pertencimento ao país de origem. Para os migrantes, o futebol significa um espaço de convivência cultural e comunitária, onde expressam a origem comum de um país, de uma região ou mesmo de uma localidade. Ao mesmo tempo, essa apropriação do espaço está vinculada a estratégias transculturais e de gênero.