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ISBN: 978-65-87289-23-6
MR24: Emoções, Instituições e Temporalidade

Coordenação: Maria Claudia Coelho (UERJ)

Debatedor/a: Vinicius Kauê Ferreira (UERJ)
Participantes: Ana Spivak L Hoste (CIS CONICET IDES), Antónia Lima (ISCTE), Mariana Sirimarco (UBA)

Resumo:
A Antropologia das Emoções é um campo que vem se expandindo no Brasil há pouco mais de duas décadas. De uma concentração inicial em temas associados à vida privada – tais como a sexualidade, o corpo ou experiências de saúde/doença -, o rol de temáticas contempladas se expandiu em direção a fenômenos da vida pública - tais como movimentos sociais, violência urbana, política, instituições e universos profissionais, entre outros. Esta mesa-redonda traz três exposições que abordam a maneira como as emoções se constituem em uma porta de entrada para a compreensão das instituições, em suas dimensões organizacionais, em seus imaginários e em seus efeitos sobre o cotidiano. Três são as emoções contempladas nas exposições: a) a nostalgia e seu papel no imaginário desenvolvimentista nas políticas de produção de energia elétrica na Argentina; b) o medo presente nas experiências de mulheres policiais argentinas vítimas de violência sexual e sua relação com a instituição policial; e c) a tensão entre frustração e esperança, tensão essa produtora de incerteza, e seu lugar em processos de mudanças legislativas em Portugal. Perpassando essa relação entre emoções e instituições, há um segundo tema correlato: a natureza do jogo que estas emoções entretêm com o tempo, interligando passados idealizados e futuros antevistos, desejados ou temidos, em uma tessitura que perpassa a vivência do presente no cotidiano.

Palavras chave: emoções; instituições; temporalidade
Resumos submetidos
Entre a vergonha e a motivação para conseguir uma vivida que vale a pena ser vivida. Gerir emoções e lidar com instituições
Autoria: Antónia Lima
Autoria: Com base no trabalho de campo realizado em Portugal entre 2012-14, irei explorar o impacto das políticas de austeridade nos quotidianos das pessoas, nos modos de gerir as suas vidas, mas também na sua perceção de si e na experiência da existência quotidiana. Analisaremos as dimensões subjetivas e experienciais da austeridade a partir de duas perspetivas: 1) os modos colaborativos e formas de solidariedade que as pessoas desenvolveram para superar as adversidades decorrentes do decréscimo dos orçamentos familiares e diminuição das condições de vida; 2) os sentimentos de falhanço, angústia, incerteza e raiva que cresceram em Portugal quando a população viu muito diminuídas as suas possibilidades de satisfazer as necessidades quotidianas. Recorrer às instituições estatais e não governamentais é uma solução para viabilizar a subsistência que implica, no entanto, a exposição pública das privações, situação geradora de sentimentos de humilhação e vergonha. Tais sentimentos destruturantes da pessoa decorrem das formas concretas como as políticas publicas são vividas pela população, às quais não é alheia a narrativa sobre as necessidades do país e a impreparação da população promovida pelo Estado.